Lei de SP vai punir exploração do trabalho
Lei de SP vai punir exploração do trabalho

 

Oficinas do setor têxtil que empregam funcionários em turnos de 16 horas diárias em frente a máquinas de costura, com salários mensais de R$ 400. Muitas produzem para grandes lojas de departamento, em pequenas casas espalhadas pela região central e da periferia da cidade de São Paulo. A maioria da mão de obra vem de países da América do Sul, como Bolívia, Paraguai e Peru. A dificuldade com o idioma e a situação informal dos imigrantes os impede de denunciar os abusos às autoridades.

 

Para tentar enfrentar esse quadro de exploração do trabalho, considerado análogo à escravidão, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou ontem a promulgação da Lei 14.946, de autoria do deputado Carlos Bezerra Júnior (PSDB), que pune com o cancelamento da inscrição estadual na Secretaria da Fazenda empresas que forem pegas empregando funcionários em condições semelhantes à escravidão.

 

A nova lei estabelece que a decisão de colegiado (segunda instância) da Justiça Criminal, Civil ou do Trabalho é suficiente para iniciar o processo de cassação de inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "A grande mudança da lei é que agora basta uma decisão colegiada da Justiça. É como o princípio da Ficha Limpa. Não há mais a necessidade de transitar em julgado para se iniciar a punição", disse o governador, que participou ontem de evento na Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região para discutir trabalho escravo e tráfico de pessoas.

 

"A lei pretende punir a concorrência desleal. Alguns empresários chegavam a ter lucros 200% maiores do que seus concorrentes por produzir com mão de obra escrava, em setores como têxtil e construção civil, que dependem de mão de obra intensiva", disse Bezerra.

 

Crescimento

 

O aumento da fiscalização e a articulação das autoridades para a Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-SP) levou ao crescimento no total de empresas fiscalizadas e de trabalhadores resgatados em condições semelhantes à escravidão. No ano passado, São Paulo registrou 10 casos de resgate que envolveu 59 pessoas. Até maio deste ano, já houve 9 casos, com 97 pessoas resgatadas.

 

Um dos casos, ocorrido em março, identificou o trabalho escravo na produção das marcas Cori, Luigi Bertolli e Emme, que formam o Grupo GEP. Os trabalhadores eram contratado da empresa Silobai, responsável por repassar a confecção a outras oficinas, comandadas por bolivianos. De acordo com a legislação, a punição deve atingir tanto os responsáveis diretos como os indiretos pela contratação da mão de obra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

BRUNO PAES MANSO - Agência Estado